Curta nossa página

Na Câmara Legislativa

Servidores condenam organizações sociais na saúde e defendem SUS

Publicado

Foto/Imagem:


A Câmara Legislativa voltou a realizar debate, nesta quinta-feira (5), sobre a contratação de organizações sociais (as chamadas OSs) no sistema de saúde pública do Distrito Federal. Em comissão geral realizada no plenário da Casa, servidores da área e sindicalistas condenaram duramente a proposta, criticada também por vários deputados. A secretária adjunta de Saúde do DF, Eliene Berg, elogiou a discussão e pediu “tolerância” aos servidores: “É direito reivindicar, mas peço que aguardem. Até o momento está sendo feito apenas estudo para propostas de gestão”.

À frente da comissão, o deputado Bispo Renato Andrade (PR) disse ser mais importante “ouvir os servidores do que falar”. E, nas falas, a categoria demonstrou consenso contra a contratação das OSs. Alguns defenderam, inclusive, a aprovação de proposta de emenda à Lei Orgânica, Carta Magna do DF, proibindo o poder público de firmar contratos com organizações sociais para a gestão ou a prestação de serviços de saúde.

“Os gastos com OSs oneram e não devem ficar de fora da Lei de Responsabilidade Fiscal, como alguns argumentam”, explicou Jairo Bizol, promotor de Justiça da Primeira Promotoria de Defesa da Saúde do MPDFT. Para ele, o grande desafio é “tirar a saúde pública da situação de UTI”. Nesse sentido, Bizol apontou dois problemas classificados como “gravíssimos”: o déficit orçamentário (a área conta com mais de R$ 2 bi a menos do que o necessário, segundo informou) e déficit de pessoal, especialmente da classe médica. “OS resolve algum desses problemas? Não. Não dá para equacionar o problema assim”, afirmou, defendendo que o SUS impõe um modelo público de gestão.

A conselheira de saúde do Núcleo Bandeirante Maura Lúcia Gonçalves também reforçou o caráter público do SUS. “O SUS não é um projeto de governo, é do povo brasileiro. Essa Casa tem a função máxima de defender direitos, e a saúde é um deles. Discutir se vai ter OS ou não, tirando direito social de cidadão do DF, não é possível. Quero voltar para o Bandeirante hoje e poder dizer que não vai ter OS no DF”, desabafou. O presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Marcos Fialho da Costa, completou: “Não vamos ser o coveiro do SUS”.

Argumentos – João do Violão, do Conselho de Saúde do Paranoá, lembrou a luta pela implantação de um hospital na cidade e foi direto ao ponto, em meio ao aplauso dos presentes na galeria: “Se não tem dinheiro nem para comprar medicamento, vai ter condições de pagar os contratados? Quem vai sofrer vai ser a comunidade”.  Ele destacou que a Conferência Nacional de Saúde aprovou resolução contra as OSs e propôs que todos os conselhos regionais aprovem resolução contra a medida também.

“Todo governante diz que as OSs vão salvar a saúde, mas, no Rio Grande do Norte, todos os secretários que contrataram OSs estão respondendo a processos na Justiça, todos eles”, disse Geraldo Ferreira Filho, representante do Sindicato dos Médicos do RN. Segundo apontou, um dos resultados da implantação de organizações sociais no estado potiguar foi o endividamento: “Mergulharam o estado nos maiores escândalos de corrupção”. Ainda para ele, o modelo de gestão proposto “oprime, cala e silencia o trabalhador, que passa a não ter voz ativa para denunciar condições de trabalho”.

O presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Casa, deputado Professor Reginaldo Veras (PDT), também se posicionou contrário à gestão da saúde usando OSs e fez questão de explicar a sua posição. Segundo informou, após avaliar bastante a matéria para verificar a viabilidade da proposta, ele tem “inúmeros argumentos contrários”: “Com as OSs, o Estado e a população ficam reféns do ofertante, que recebe per capta, sendo frequentes os aditamentos de contratos; o atendimento passa a ser seletivo e limitado; e as relações de trabalho são precarizadas, com perseguições aos trabalhadores e remunerações baixas”. O distrital, que é da base do governo, garantiu votar contra a proposta caso ela seja encaminhada ao Legislativo local.

Já Cláudia Barbosa, do Conselho de Saúde do Paranoá, disse temer ainda o impacto na realização de concursos públicos para a área: “Os trabalhadores vão entrar por apadrinhamento e não por mérito. Isso vai afetar não só essa geração, mas as gerações futuras”.

“Estão sucateando a saúde para justificar a contratação das organizações sociais. Não tenho notícia de nenhum estado da Federação que tenha contratado OSs e que tenha dado certo”, reclamou o deputado Chico Vigilante (PT). E completou: “A OS é um monstro pior do que a terceirização. A gente nem sabe quem é o dono”.

Em meio a aplausos, a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde), Marli Rodrigues, classificou sua fala como “cirúrgica”. Ela contou ter visitado hospitais geridos por OSs em vários estados do Brasil e ter visto “roubalheira” em todos eles. “Só terceirizam para roubar”, concluiu.

Debate – O servidor Hélio Nascimento reclamou da falta de diálogo com o governo e elogiou o debate desta tarde. “A saúde está na UTI, as coisas estão sendo assinadas às escuras, as decisões estão sendo tomadas de cima para baixo e estamos só assistindo o desenrolar”, lamentou.

A presidente da Casa, Celina Leão (PPS), também ressaltou a importância de mais debate sobre o assunto. “Isso envolve um direito constitucional primário”, afirmou. “O nosso patrão é o cidadão do DF. E é este que está sendo prejudicado há muito tempo com o serviço de saúde prestado. Mais importante do que apontar o culpado é apontar solução. Debate é só o início do processo”, disse Raimundo Ribeiro (PPS). O distrital sugeriu a realização de um seminário para discutir sugestões. “Essa proposta de OS, imitando Goiânia, não parece solução. Mas não podemos deixar como estar”, apontou.

O secretário-adjunto de Gestão Administrativa da Secretaria de Planejamento do DF, Marcelo Herbert, elogiou as discussões desta tarde, destacando o valor das opiniões dos servidores da área: “São opiniões que resultam do conhecimento empírico. Vou repassar ao governo”.

Comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Salários de até R$ 6 mil

Semana começa com 717 oportunidades de emprego no Distrito Federal

Publicado

Por

Ao Vivo de Brasília
Vagas de emprego DF
Foto/Imagem: Freepik

As agências do trabalhador do Distrito Federal oferecem 717 vagas de emprego nesta segunda-feira (5). Há oportunidades para quem tem ou não experiência, em diferentes áreas e com salários de até R$ 6 mil.

O posto que oferece a maior remuneração é o de Diretor de Finanças, para trabalhar em Taguatinga Norte. Há uma vaga para pessoas com ensino superior completo para o cargo de Analista Contábil.

Já o cargo com maior número de vagas abertas é o de Ajudante de Obras, no Itapoã. São 110 oportunidades para candidatos que tenham o ensino fundamental completo. Não é preciso ter experiência. O salário é de R$ 1.518, mais benefícios.

Para participar dos processos seletivos, basta cadastrar o currículo no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS) ou ir a uma das 14 agências do trabalhador, das 8h às 17h, durante a semana. Mesmo que nenhuma das oportunidades do dia seja atraente ao candidato, o cadastro vale para oportunidades futuras, já que o sistema cruza dados dos concorrentes com o perfil que as empresas procuram.

Empregadores e empreendedores que desejem ofertar vagas ou utilizar o espaço das Agências do Trabalhador para as entrevistas podem se cadastrar pessoalmente nas unidades ou pelo e-mail gcv@sedet.df.gov.br. Pode ser utilizado, ainda, o Canal do Empregador, no site da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet).

CONTINUAR LENDO

Formalizando a união

Abertas as inscrições para a 2ª edição do Casamento Comunitário 2025

Publicado

Por

Ao Vivo de Brasília
Casamento Comunitário 2025
Foto/Imagem: Jhonatan Vieira/Sejus-DF

Promovido pela Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF), o Casamento Comunitário 2025 chega à sua 2ª edição com data marcada: 29 de junho. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas em vários equipamentos públicos do DF e também durante as edições do GDF + Perto do Cidadão. Ao longo do ano, estão previstas mais três edições do programa, com expectativa de beneficiar cerca de 400 casais em situação de vulnerabilidade — oferecendo a oportunidade de oficializar a união de forma gratuita, digna e inesquecível.

Na primeira edição do Casamento Comunitário 2025, realizada no início do ano, 101 casais disseram “sim” ao amor. Com mais três celebrações previstas — em 29 de junho, 31 de agosto e 7 de dezembro — o programa deve alcançar mais 300 casais até o fim do ano. Desde sua criação pelo Decreto nº 41.971/2021, o Casamento Comunitário já realizou o sonho de mais de 541 casais em 11 edições.

Para Anailton dos Santos, 28, e Tamiris Rodrigues, 35, que participaram da edição anterior, a iniciativa foi transformadora. “A cerimônia foi linda e mudou nossas vidas. Desde então, só conquistamos coisas boas”, contou Anailton. Tamiris reforça: “O casamento fortaleceu nossa relação. Sem o programa, não seria possível. Um casamento assim custaria pelo menos R$ 10 mil”.

O programa vai além da cerimônia: todas as taxas cartoriais são totalmente cobertas, e os noivos recebem gratuitamente vestidos, ternos, maquiagem profissional e até transporte até o local do evento.

A secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, destacou a importância de oficializar a união: “Embora a união estável seja reconhecida legalmente, o casamento proporciona benefícios exclusivos em determinados processos jurídicos. Além de oferecer gratuidade, nosso objetivo é tornar esse momento inesquecível para as famílias participantes”, afirmou.

Como participar

Entre os requisitos, é necessário ter idade mínima de 18 anos e atender às condições legais para o casamento, conforme o Código Civil (art. 1.521). Para se inscrever, os interessados devem comparecer a um dos locais definidos, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30, munidos da documentação exigida. A entrega de documentos por terceiros não será permitida.

Locais de inscrição

* Praça dos Direitos da Ceilândia: QNN 13, Ceilândia Norte;
* Agência Na Hora: Setor Cultural Norte;
* Praça dos Direitos do Itapoã: Quadra 203, Del Lago II;
* Estação Cidadania do Recanto das Emas: Quadra 113, Lote 9;
* Edições do GDF + Perto do Cidadão: sextas-feiras, das 9h às 16h, e sábados, das 9h às 12h.

Documentação Necessária

Todos os casais devem apresentar:

* Comprovante de residência no Distrito Federal;
* Documentos pessoais: original e cópia do RG ou CNH, CPF e certidão de nascimento;
* Formulário de inscrição preenchido.

Documentos adicionais

* Divorciados: cópia do formal de partilha, contendo petição inicial, sentença e trânsito em julgado.
* Viúvos: cópia da certidão de óbito, certidão de casamento e formal de partilha com petição inicial, sentença e trânsito em julgado.

Declaração de Hipossuficiência

Todos os participantes devem entregar uma cópia da declaração de hipossuficiência de renda, conforme o modelo disponível no Anexo I do Edital.

Regras para testemunhas

As testemunhas também precisam apresentar:

* RG e CPF;
* Certidão de casamento (se casadas);
* Certidão de casamento com averbação de divórcio (se divorciadas).

Atenção: as testemunhas que comparecerem ao cartório não podem ser as mesmas que estarão presentes no dia da cerimônia.

CONTINUAR LENDO
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais Lidas da Semana

© 2015-2025 AVB - AO VIVO DE BRASÍLIA - SIA Trecho 5, Ed. Via Import Center, Sala 425, Brasília - DF. Todos os Direitos Reservados. CNPJ 28.568.221/0001-80 - Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços de notícias de agências nacionais e internacionais, assessorias de imprensa e colaboradores independentes. #GenuinamenteBrasiliense