Deputados cobram liberação de substância para tratamento do câncer
Deputados da Comissão de Seguridade Social e Família cobraram do governo, nesta quinta-feira (12), a liberação ou uma maior agilidade no processo de registro e pesquisa clínica da fosfoetanolamina sintética – substância criada para o tratamento do câncer, mas ainda não liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Mesmo não autorizado pela Anvisa, sob o argumento de que não foram feitas pesquisas conclusivas sobre seus efeitos em seres humanos, o remédio é utilizado por pacientes há 20 anos.
O fornecimento do medicamento, porém, se transformou em questão judicial desde que uma portaria deste ano da Universidade de São Paulo (USP), onde ele é produzido, impediu a distribuição do produto, o que fez com que pacientes recorressem à Justiça. Mais de 700 pessoas entraram com ações para obter a droga, que depois teve sua distribuição suspensa por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo – proibição esta revertida por uma liminar concedida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A audiência de hoje reuniu integrantes da equipe que descobriu a fórmula do produto, médicos que já usaram ou fizeram testes com a fosfoetanolamina e representantes de entidade representativa dos oncologistas, da Anvisa, do Ministério da Saúde e da Defensoria Pública.
Agilidade
O deputado Carlos Manato (SD-ES) foi um dos parlamentares a pedir a liberação do produto. “Como médico, vejo com muita preocupação o uso de medicamentos sem testes em seres humanos. Mas, como ser humano, tenho de defender que sejam feitas as pesquisas o mais rápido possível”, disse.
Por sua vez, o deputado Weliton Prado (PT-MG) protocolou o Projeto de Lei 3454/15, que obriga a União a fornecer a substância em larga escala para doentes de câncer em tratamento que concordem em assinar termo de responsabilidade pelo uso da fosfoetanolamina.
A deputada Carmen Zanotto (PPS-SC) também pediu agilidade na fase de pesquisa clínica para liberação do produto. “O que vamos dizer para as pessoas que estão em tratamento e não têm obtido resultado com os remédios em circulação? Temos de cumprir o rito e agilizar o processo”, declarou.
“Se há dúvidas sobre a capacidade do medicamento, por que não desburocratizar os procedimentos? O governo tem de dar uma resposta à população”, concordou o deputado Silas Câmara (PSD-AM).
Governo
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou nesta quinta que deverão ser destinados R$ 10 milhões para as atividades ligadas à pesquisa da fosfoetanolamina em um período de dois anos. Deste total, R$ 2 milhões serão alocados do orçamento de 2015. Em 2016 e 2017, serão aplicados mais R$ 8 milhões.
Presente na audiência da Câmara, a diretora do Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde do Ministério da Saúde, Clarice Petramale, garantiu o apoio do órgão até mesmo na fase industrial do medicamento. “Tudo o que pudermos fazer para apressar vamos fazer. Faremos isso assim que tivermos uma prova robusta de que a droga é segura (e parece que é), de que ela reduz o tumor”, comentou.
Pacientes
O debate foi acompanhado por pessoas que enfrentam o câncer e seus parentes, que exibiam faixas e cartazes a favor da liberação do produto. Uma das manifestantes, Patrícia Peixoto, passou mal durante a exposição e foi socorrida pelo Departamento Médico da Câmara. Portadora de câncer, ela havia sido submetida a quimioterapia ontem e foi liberada hoje pelos profissionais da Casa depois de ser medicada.
Walter Bittar, da Associação dos Familiares, Amigos e Portadores de Doenças Graves (Afag), ressaltou que o medicamento pode dar esperança a muitas pessoas. “Os pacientes devem ter o direito a ter uma esperança. Não podemos dizer que a droga é, de fato, eficaz, mesmo porque não temos estudos relevantes para isso, mas podemos defender o direito à vida”, declarou.
O químico Gilberto Orivaldo Chierice, chefe da equipe que patenteou o produto, afirmou que a fosfoetanolamina não tem efeitos colaterais e é eficaz na redução de vários tipos de tumores. “A droga não é tóxica e tem eficácia; se demorar para ser liberada, vai morrer muita gente”, disse o hoje professor aposentado da USP.
Subcomissão
Após ouvir a exposição dos pesquisadores e de médicos que exibiram dados a respeito de tratamentos bem-sucedidos com a droga, deputados da comissão decidiram criar uma subcomissão para acompanhar as ações do grupo de trabalho criado pelo Ministério da Saúde com o objetivo de apressar as etapas de aprovação e desenvolvimento clínico do medicamento. A sugestão foi feita pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Câmara aprova proposta que obriga banco a emitir quitação de dívidas em até 10 dias úteis
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou na terça-feira (1), em caráter conclusivo, proposta que obriga os bancos e outras instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional a emitir, em até 10 dias úteis, certificado de quitação de financiamento de bens móveis ou empréstimos pessoais. No caso de bens imóveis, o prazo é de 30 dias. Os documentos só serão emitidos quando houver liquidação total das dívidas.
O projeto já havia sido aprovado pela Câmara em 2011, e depois pelo Senado. Agora segue para sanção presidencial.
A medida aprovada está prevista no substitutivo da Comissão de Finanças e Tributação ao Projeto de Lei 1964/07. O texto original, do deputado Edson Ezequiel (PMDB-RJ), previa a emissão apenas do certificado de nada-consta em até cinco dias úteis.
Ao analisar emenda apresentada pelo Senado Federal, o relator na CCJ, deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), considerou que “não há nada no texto da emenda que mereça crítica negativa quanto aos aspectos de constitucionalidade e de juridicidade”.
A emenda altera de 5 para 10 dias úteis o prazo deferido às instituições financeiras para emissão de recibo de quitação integral de débitos, quando requerida pelo interessado. O texto aprovado pela Câmara em 2011 previa prazo de cinco dias.
Atualmente, uma lei editada em 2009 já obriga as instituições financeiras a emitir automaticamente declaração anual de quitação de débitos (Lei 12.007/09).
Eduardo Cunha faz leitura de decisão favorável ao processo de impeachment
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, comunica ao Plenário a decisão de aceitar o início do processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, por suposto crime de responsabilidade contra a lei orçamentária.
A decisão de Cunha decorre de denúncia apresentada pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal.
A leitura em Plenário da decisão de 22 páginas é requisito para o início do processo de impeachment.
Em seguida, Cunha deverá determinar a criação da comissão especial que vai analisar a denúncia, com pedido aos líderes que indiquem os integrantes do colegiado. A comissão será composta por 65 deputados, de acordo com a proporcionalidade das bancadas na Câmara.
Dilma terá 10 sessões do Plenário, a partir da notificação, para apresentar a sua defesa.
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