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Ressocialização

Funap e empresas: parceria para inserir presos no mercado de trabalho

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Quatro funcionárias de uma empresa de gestão documental no Gama deixam o local de trabalho diariamente, de segunda a sexta-feira, com destino à Penitenciária Feminina do Distrito Federal. No itinerário, de ida ou de volta, não são tolerados atrasos. Mesmo sob regras rígidas, elas comemoram as responsabilidades assumidas. “Nunca tinha trabalhado. Hoje, dou valor a cada centavo que ganho. Quero que tudo seja suado”, diz Ana*.

Elas estão entre os 971 internos que a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap-DF) mantém no mercado de trabalho por meio de contratos com órgãos públicos. No caso delas, com a iniciativa privada. Para ampliar a oferta, já que 872 pessoas aguardam por oportunidade semelhante na lista de espera, a entidade da administração indireta precisa da adesão de mais empresários.

Barreiras
Os gerentes de produção, Paulo Ribeiro, e de projetos, Rafael Moraes, da empresa que contratou as detentas, fecharam a primeira parceria com a fundação há quase dois anos. Contam que o processo de aceitação e de quebra de estereótipos foi longo. Seis meses separaram o início da ideia da primeira contratação.

Eles souberam da possibilidade de empregar pessoas que cumprem pena no regime semiaberto ou aberto por meio de um cliente que começou a trabalhar na reeducação de presidiários. “De início, nós mesmos tivemos preconceito, ficamos na dúvida. Agora, vejo que deu muito certo. Nunca tivemos problemas, e o rendimento do trabalho é alto”, afirma Moraes.

Antes de tomar a decisão, os chefes fizeram diversas visitas ao presídio feminino, próximo ao Gama, e trabalharam no convencimento e na aceitação da equipe. Hoje, o primeiro ponto levantado pelas funcionárias é a satisfação de serem tratadas como os demais no local de trabalho. “Aqui não tem diferença. É maravilhoso poder trabalhar e não ficar o tempo todo lá [na penitenciária]. Acho que vai me ajudar na volta à sociedade”, avalia Joana*.

Regras
No contrato com a Funap, vinculada à Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, há certas restrições: elas não podem sair do local de trabalho, precisam cumprir o horário — pois qualquer atraso precisa ser comunicado pela chefia — e são feitas verificações nos postos de trabalho sem aviso prévio, por exemplo.

Na empresa do Gama, três delas são responsáveis pela organização e verificação de documentos e uma, pelos serviços de copa. Cumprindo pena no regime aberto, Juliana*, que chegou à há 1 ano e 8 meses, também trabalha no setor documental.

Mensalmente, Ribeiro assina a folha de ponto das funcionárias e faz relatórios de acompanhamento. “Não temos do que reclamar. Quando saem daqui é porque foram para o aberto e moram longe ou até porque conseguiram algo melhor “, destaca.

Desligamento
O secretário-adjunto da Funap, Carlos Soares, explica que, se houver problema de comportamento, o interno é desligado automaticamente. “Eles precisam se voluntariar para trabalhar. Quando chegam ao Centro de Progressão Penitenciária, podem preencher uma ficha com as habilidades profissionais.” Após a seleção, há dois caminhos: os órgãos e as empresas pedem que a fundação faça o encaminhamento — nesse caso, são enviados os qualificados por ordem de inscrição — ou vão até a entidade para fazer entrevistas.

Pela política da Funap, os contratantes têm a opção de conhecer quais foram os delitos cometidos pelos contratados. Ribeiro e Moraes escolheram desconhecer e não participam da seleção. “Às vezes, elas mesmas querem contar para se justificar, mas tentamos não saber. Não existe tratamento diferenciado”, ressalta o gerente de produção.

Para incentivar a contratação e conscientizar os gestores sobre a importância da ressocialização, são oferecidos benefícios. Eles ficam isentos dos encargos trabalhistas e não pagam férias nem décimo terceiro salário, apenas uma taxa mensal de administração de R$ 168,52 para a Funap. Os empregados, no nível 1, o inicial, recebem R$ 660 de bolsa-ressocialização (referente a três quartos do salário mínimo), vale-refeição e vale-transporte. Os do nível mais alto (3) têm direito a R$ 1,2 mil. Além disso, três dias de trabalho reduzem um de pena.

Licitações
A Lei nº 4.079, de 4 de janeiro de 2008, de autoria do deputado distrital Raimundo Ribeiro (PPS), obriga a constar, nas licitações públicas para contratar prestação de serviços que prevejam fornecimento de mão de obra, cláusula para assegurar 2% de vagas a apenados em regime semiaberto e a egressos do sistema penitenciário. Excluem-se da legislação os serviços de segurança.

*Nomes fictícios para preservar a identidade das entrevistadas.

Contratação de internos da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal
Mais informações pelos telefones (61) 3233-8523 e (61) 3233-6964 ou no site da fundação.

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Se beber, não dirija!

Maio Amarelo 2025: Detran-DF intensifica fiscalização para evitar acidentes no trânsito

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Embriaguez ao volante - Maio Amarelo
Foto/Imagem: Freepik

Durante o mês de maio, em apoio ao movimento Maio Amarelo, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) irá intensificar as ações de fiscalização e policiamento nas vias urbanas do DF. Ao todo, estão previstas 605 atividades em pontos estratégicos do Distrito Federal, incluindo 250 patrulhamentos, 250 pontos de demonstração e 105 blitzes.

O objetivo é coibir infrações e reduzir os sinistros de trânsito, promovendo mais segurança nas vias. A ampliação da presença de viaturas e agentes em locais e horários de grande circulação contribui para aumentar a percepção de fiscalização por parte da população, desestimulando comportamentos de risco e, consequentemente, diminuindo a ocorrência de acidentes.

Além do combate à embriaguez ao volante, as ações buscam conscientizar os condutores sobre outras infrações recorrentes, como o uso de celular enquanto dirige, o desrespeito à faixa de pedestres e o excesso de velocidade.

Segundo o diretor de Policiamento e Fiscalização de Trânsito do Detran-DF, Glauber Peixoto, a intensificação das ações durante o Maio Amarelo é fundamental para reforçar a presença do Detran-DF nas ruas e lembrar a todos sobre a importância de adotar comportamentos seguros no trânsito: “Nosso objetivo vai além da fiscalização, queremos salvar vidas e promover uma cultura de responsabilidade e respeito entre condutores e pedestres. Para isso, serão empregados 400 agentes de trânsito com atuação prevista em todas as regiões administrativas”, destacou o diretor.

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A partir de 11 de maio

Funcionamento do Metrô-DF será ampliado até 21h30 aos domingos

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Metrô-DF
Foto/Imagem: Tony Oliveira/Agência Brasília

O governador Ibaneis Rocha anunciou a ampliação do horário de funcionamento da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) aos domingos. A partir de 11 de maio, a população poderá usufruir do transporte público das 7h às 21h30 nestes dias, enquanto atualmente o horário era das 7h às 19h.

Aumentar o horário de funcionamento das 19h para as 21h30 é uma sensibilidade do Governo do Distrito Federal (GDF) com a população e os trabalhadores, explica o governador Ibaneis Rocha: “Em conversa com o Handerson Cabral [presidente do Metrô-DF], alteramos esse horário para que os trens do metrô, a partir deste domingo das mães, passem a circular até 21h30, atendendo essa proposta das pessoas que precisam utilizar o transporte público [até mais tarde] também aos domingos”.

Com a determinação do governador, o novo horário de funcionamento do Metrô-DF passa a ser o seguinte:

– De segunda a sábado: das 5h30 às 23h30
– Aos domingos: das 7h às 21h30
– Feriados: das 7h às 19h

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