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Dia Nacional de Combate ao Câncer

FEBRASGO alerta para impacto nocivo da desinformação na saúde das mulheres

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O Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, tem como objetivo promover a conscientização sobre a prevenção e o tratamento da doença. Nesta data, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca o crescente desafio da desinformação, especialmente em relação ao câncer de mama, com a propagação de mitos e fake news que podem colocar a saúde da população em risco.

O Dr. Eduardo Pessoa, presidente da Comissão Imaginologia mamária da FEBRASGO, alerta sobre a gravidade da disseminação de informações falsas como afirmações de que “o câncer de mama não existe e seria apenas um processo de calcificação da glândula mamária”. Ele explica que o câncer de mama é uma doença caracterizada pelo crescimento descontrolado de células da glândula mamária, que perdem suas características normais. “Ele não é um simples processo de calcificação, mas sim um desenvolvimento anômalo e frequentemente agressivo de células mamárias que perdem seu controle genético normal, formando tumores malignos. Esse processo ocorre quando as células mamárias sofrem mutações no DNA, resultando em alterações genéticas que desregulam o ciclo de divisão celular e a morte programada (apoptose). Como consequência, essas células defeituosas continuam a se dividir sem controle, formando massas ou nódulos que podem invadir os tecidos mamários normais e, em casos mais avançados, se espalhar para outras partes do corpo (metástase)”, afirma.

O tumor pode se originar em diferentes estruturas da mama, como nos ductos (carcinoma ductal) ou nos lobos (carcinoma lobular), e apresenta diversos subtipos, com diferentes perfis moleculares e comportamentos biológicos. Esses subtipos incluem tumores com receptores hormonais positivos (estrogênio e progesterona), tumores HER2 positivos e os tumores triplo-negativos, cada um com comportamentos e respostas distintas aos tratamentos disponíveis.

O especialista alerta sobre os vídeos que circulam na internet afirmando que a mamografia pode causar câncer de mama. Ele enfatiza que a mamografia é um exame essencial para a detecção precoce da doença e desempenha um papel fundamental na redução da mortalidade. A ideia de que a mamografia poderia provocar mais câncer e que seus riscos são maiores que o benefício, é equivocada e não é respaldada por evidências científicas. O médico reforça que a quantidade de radiação utilizada no exame é extremamente baixa e considerada segura pelos órgãos de saúde. Os benefícios da detecção precoce, que incluem o aumento das chances de cura, superam amplamente qualquer risco associado à radiação.

“A mamografia permite identificar tumores em estágios iniciais, muitas vezes antes que possam ser detectados no exame físico. Detectar o câncer precocemente aumenta significativamente as chances de sucesso do tratamento, pois o câncer encontrado em fases iniciais é geralmente menor, o que permite tratamentos menos agressivos, evitando, em muitos casos, a quimioterapia e preservando a estética da mama por meio de cirurgias mais simples”, disse.

O Dr. Eduardo Pessoa explica como a população pode identificar a veracidade das informações que encontra nas redes sociais. Ele recomenda, primeiramente, que se busque fontes confiáveis, como órgãos oficiais – Sociedades Médicas, Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde – universidades, centros de pesquisa e hospitais renomados. “É importante evitar fontes anônimas ou pouco conhecidas, já que conteúdos de origem duvidosa ou perfis sem credibilidade tendem a espalhar desinformação. Além disso, confirmar a informação em múltiplas fontes é essencial. Se a notícia for verdadeira e relevante, geralmente será replicada por diversas plataformas, incluindo as redes sociais de entidades médicas”, afirma o ginecologista.

O médico também sugere avaliar o conteúdo criticamente. Títulos sensacionalistas ou alarmistas são comuns em fake news e geralmente visam apenas chamar atenção. Checar dados e estatísticas é outro ponto importante; informações vagas ou sem referências confiáveis podem ser enganosas. Além disso, é fundamental analisar o autor da informação: profissionais com formação acadêmica e experiência reconhecida na área da saúde tendem a ser mais confiáveis.

“Em relação a imagens e vídeos manipulados, é necessário estar atento a imagens fora de contexto ou com montagens. Ferramentas como a busca reversa de imagens podem ajudar a verificar a origem e a veracidade do material. Evitar compartilhar informações sem antes verificar é crucial, já que a propagação de fake news, especialmente sobre saúde pública, pode causar danos significativos”, destaca. Pessoa ressalta que a reflexão antes de compartilhar pode ajudar a evitar o espalhamento de informações falsas e prejudiciais.

Prevenção da doença

Embora não haja uma maneira garantida de prevenir o câncer de mama, adotar algumas práticas pode reduzir significativamente o risco da doença. Manter um peso saudável, com uma alimentação equilibrada, é fundamental, especialmente após a menopausa, pois o excesso de peso pode aumentar o risco de desenvolver câncer de mama. Além disso, praticar exercícios físicos regularmente, mesmo de forma moderada, está associado à diminuição do risco. “Outras medidas incluem limitar o consumo de álcool, já que o consumo excessivo está ligado ao aumento do risco, e evitar o tabagismo, que é um fator de risco para diversos tipos de câncer, incluindo o de mama”, afirma.

Mulheres na menopausa devem avaliar o uso de terapia hormonal com seus médicos, considerando os riscos e benefícios, pois o uso prolongado de hormônios pode aumentar o risco de câncer de mama. Além disso, é fundamental atentar ao histórico familiar e genético. Para mulheres com risco genético elevado, estratégias preventivas, como exames de imagem mais frequentes, terapias hormonais preventivas ou até mesmo a mastectomia preventiva, podem ser discutidas com o médico.

“Essas orientações devem ser acompanhadas de informações baseadas em evidências científicas e de fontes confiáveis, como as orientações de sociedades médicas e profissionais de saúde. O combate à desinformação, especialmente sobre a prevenção e tratamento do câncer de mama, é tão essencial quanto a adoção dessas medidas preventivas. Assim, ao buscar informações sobre saúde, é importante consultar fontes confiáveis e verificar as informações antes de tomar decisões, para garantir a melhor proteção e cuidados para a saúde da mulher”, finaliza.

Idade recomendada para a mamografia

Sobre as recomendações variam entre diferentes organizações de saúde, mas, de maneira geral:

Mulheres de 50 a 69 anos: essa é a recomendação do Instituto Nacional de Câncer (INCA), que indica mamografias a cada dois anos como parte do rastreamento de rotina.

Mulheres de 40 a 49 anos: A FEBRASGO, juntamente com Sociedade Brasileira de Mastologia e com o Colégio Brasileiro de Radiologia, recomenda que as mulheres iniciem o rastreamento com 40 anos, realizando mamografia anual até os 74 anos ou uma expectativa de vida maior que 7 anos.

Para mulheres com alto risco de câncer de mama, como aquelas com mutações genéticas (BRCA1 e BRCA2) ou histórico familiar de câncer de mama, a mamografia pode ser recomendada mais cedo, geralmente aos 30 anos e a Ressonância Magnética das Mamas assume um papel importante no rastreamento desse grupo de mulheres.

Dezembro Vermelho

Pré-natal do parceiro é essencial para a prevenção de ISTs na gestação

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Pré-natal homem parceiro gravidez
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O Dezembro Vermelho é uma importante campanha nacional de mobilização na luta contra o HIV, a Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Neste contexto, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca que a transmissão do HIV e de outras ISTs pode ocorrer de mãe para filho, durante a gestação, no parto ou até mesmo durante a amamentação.

O Dr. Régis Kreitchmann, membro da Comissão Especializada em Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO, explica que durante a gravidez o risco de contágio pelo HIV é ainda mais grave devido à vulnerabilidade imunológica da gestante, que está mais propensa a infecções. “É um período em que é fundamental proteger a gestante de maneira rigorosa, seja com o uso de preservativos ou com medicamentos preventivos”, afirma. Ele destaca o crescente uso da profilaxia pré-exposição (PrEP), um medicamento utilizado para prevenir a infecção antes da exposição ao HIV, e a profilaxia pós-exposição (PEP), que pode ser usada em casos de violência sexual para evitar a transmissão.

O médico enfatiza a importância da realização de exames do parceiro quando há intenção do casal em engravidar e durante o pré-natal também. “O pré-natal do parceiro é fundamental, pois, se ele for soropositivo, podemos torná-lo indetectável, o que impede a transmissão para a gestante. O primeiro passo é evitar que a gestante seja exposta ao vírus, o que é essencial para a segurança dela e do bebê”, alerta.

Durante todo o pré-natal, os obstetras preparam as gestantes para a decisão sobre a amamentação. Embora a amamentação seja extremamente importante para a maioria das mães, representa um risco maior de transmissão do HIV, especialmente se a gestante se infectar durante o período de lactação. O Ministério da Saúde tem trabalhado nessa linha, reforçando a necessidade de proteger o bebê e evitando qualquer risco à sua saúde, especialmente após o sucesso do tratamento antirretroviral que visa reduzir a carga viral a níveis indetectáveis.

“Ainda que existam estudos que mostram taxas de transmissão mais baixas em gestantes com carga viral suprimida, o aleitamento materno continua sendo uma prática arriscada para mães com HIV. No Brasil e em muitos outros países, a recomendação predominante é o aleitamento artificial, utilizando leite em pó e água de boa qualidade. O aleitamento materno, para gestantes com HIV, pode comprometer a proteção que foi alcançada por meio do tratamento antirretroviral”, ressalta o médico.

Em casos muito selecionados, em que a gestante está com a carga viral indetectável há um longo período e a condição clínica é estável, a amamentação pode ser pontualmente considerada, mas essas situações são raras e precisam ser analisadas de forma individual. No entanto, de forma geral, a recomendação atual, conforme os protocolos brasileiros, é não amamentar, priorizando a segurança do bebê com a alternativa do aleitamento artificial.

A gestante com HIV pode ter um parto natural?

O especialista explica que gestantes que seguem o pré-natal especializado e realizam os exames necessários, incluindo o monitoramento da carga viral, têm grandes chances de ter uma gestação segura. A carga viral é monitorada, especialmente entre 34 e 35 semanas, para definir a melhor abordagem para o parto. Caso a gestante tenha uma carga viral abaixo de mil cópias, ela pode optar por um parto vaginal, sem risco de transmissão do HIV. A grande maioria das gestantes em tratamento antirretroviral durante a gestação alcançam uma carga viral indetectável, o que possibilita um parto normal sem complicações.

“Vale ressaltar que para as gestantes que não iniciaram o tratamento de forma adequada ou no tempo correto, a carga viral pode ser superior a mil cópias. Nesse caso, a cesariana é indicada para prevenir a transmissão do HIV ao bebê. A cesárea é agendada de forma controlada, e, nesse cenário, a gestante recebe medicação injetável (AZT) antes do parto, enquanto o bebê também faz uso de medicamentos após o nascimento”, pontuou o Dr. Kreitchmann.

Após o nascimento, os médicos realizam a avaliação da carga viral do bebê nas primeiras 24 horas de vida. Em seguida, o exame é repetido aos 1 e 4 meses de idade. Se todos os exames deram resultado negativo, o bebê é considerado livre do HIV.

É seguro usar a PrEP na gestação?

“É fundamental que as pessoas saibam que existe a possibilidade de utilizar a PrEP durante a gestação e o aleitamento. Os antivirais usados na PrEP são absolutamente seguros para a gestante, pois envolvem dois medicamentos que também fazem parte do tratamento contra o HIV. Eles são eficazes e altamente protetores. Quando usados corretamente, a PrEP oferece mais de 90% de proteção, o que equivale a uma eficácia semelhante à de uma vacina. Para garantir essa proteção, é essencial que a gestante siga rigorosamente o esquema de doses, tomando todas ou a maioria das doses recomendadas”, enfatizou o ginecologista.

A PrEP é particularmente importante em situações de risco, como quando a gestante tem um parceiro HIV positivo ou se encontra em contextos de maior vulnerabilidade. Nessas situações, a paciente deve ser considerada uma candidata à PrEP, e qualquer profissional de saúde pode, e deve, prescrever a medicação, garantindo uma proteção eficaz durante a gestação e o aleitamento.

Rede de apoio à gestante

Para gestantes que não se sentem à vontade para discutir o assunto com seus familiares, é importante buscar apoio em outros profissionais e organizações, como ONGs, que oferecem um espaço seguro para conhecer pessoas que estão enfrentando a mesma situação. A luta contra o HIV vai além das estatísticas e exige um suporte contínuo. Organizações como o Projeto Criança Aids desempenham um papel fundamental no apoio a famílias impactadas pelo HIV/AIDS, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social. A presidente do Projeto Criança Aids, Adriana Galvão Ferrazini, ressalta a persistência dos desafios globais relacionados ao HIV/AIDS, enfatizando a importância do apoio comunitário e institucional para combater esses obstáculos.

“Nossa casa é um espaço de pertencimento para essas pessoas, que enfrentam não apenas os desafios da doença, mas também a carga adicional do estigma. Nosso time acolhe, oferece suporte e acompanha o desenvolvimento dessas crianças e suas famílias. Não apenas na adesão ao tratamento com antirretrovirais, mas também no apoio e aceitação do diagnóstico, além de enfrentar a culpa que algumas mães carregam pela transmissão vertical da infecção aos filhos. Nosso compromisso vai além, ajudando, quando solicitado, na delicada revelação do diagnóstico para essas crianças e adolescentes”, destaca Ferrazini.

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118 mil casos por ano

Câncer de pele não melanoma afeta mais as mulheres, diz Inca

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Câncer de pele não melanoma
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O câncer de pele pode ser dividido em dois tipos: o não melanoma e o melanoma. O primeiro é mais frequente e menos agressivo do que o outro, e manifesta-se como uma lesão parecida com uma ferida, uma espinha, ou uma verruga, principalmente nas áreas expostas ao sol em pessoas idosas. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, o câncer de pele não melanoma afeta mais mulheres, com cerca de 118.570 casos por ano, em comparação com os homens, que correspondem a 101.920 casos anuais.

Uma explicação para a maior incidência de câncer de pele não melanoma em mulheres é que mulheres costumam ir mais ao médico do que homens, possibilitando o diagnóstico mais frequente e mais precoce. Os cânceres de pele são causados, principalmente, pela exposição crônica à radiação ultravioleta emitida pelo sol, que tem efeito cumulativo na pele e vai provocando danos no DNA das células. Portanto, pessoas acima de 60 anos, que tomaram muito sol ao longo dos anos, têm um risco aumentado de desenvolver a doença.

Segundo o Dr. Denis Ricardo Miyashiro, dermatologista associado ao centro de Oncologia do Hcor, mulheres tendem a se expor mais à radiação ultravioleta em câmaras de bronzeamento artificial. “A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso de equipamentos de bronzeamento artificial devido ao aumento no risco de queimaduras, envelhecimento precoce e desenvolvimento de câncer de pele”, explica o especialista.

Ao considerar que o maior número de pacientes com câncer de pele faz parte da população acima dos 60 anos, é necessário se preparar para dar atenção a um número crescente de indivíduos por causa do envelhecimento populacional, incluindo orientações quanto a cuidados preventivos, diagnóstico precoce e tratamento especializado. “O risco de câncer de pele vai aumentando com a idade, mas existem alguns outros fatores relacionados ao surgimento da doença, além da radiação ultravioleta, como exposição a algumas substâncias químicas e imunossupressão causada por algumas doenças ou medicamentos.”

Ainda de acordo com o Dr. Denis, quando detectados precocemente, tanto o câncer de pele não melanoma quanto o melanoma são curáveis. Por isso, as medidas de prevenção e o acompanhamento dermatológico são fundamentais para a detecção precoce, quando há maiores chances de cura. O uso regular de protetores solares e proteção física (roupas, bonés, chapéus, viseiras) são as principais medidas para prevenir a doença.

“Também é importante se atentar para os horários de exposição ao sol, evitando entre 9 e 15 horas. Reaplicar o protetor solar periodicamente a cada 2-3 horas, especialmente se entrar no mar ou piscina, e se houver muita sudorese, principalmente após a prática de atividades físicas ao ar livre. Estas medidas devem ser adotadas mesmo em dias nublados”, finaliza o médico.

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