Oncologista alerta
Dispositivos eletrônicos são tão prejudiciais quanto cigarro tradicional
Comemorado em 29 de agosto, o Dia de Combate ao Fumo traz um alerta importante quanto ao uso do tabagismo. Anualmente, diversas doenças estão relacionadas ao hábito, incluindo vários tipos de câncer, como é o caso do de pulmão, fígado, estômago, pâncreas, rins, ureter, cólon e reto, bexiga, ovários, colo do útero, cavidade nasal e seios paranasais, cavidade oral, faringe, laringe, esôfago e leucemia mieloide aguda, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Entre os mais jovens, o cigarro eletrônico tem sido sensação. Justamente por vir “disfarçado”, jovens têm preferido os dispositivos e acreditam ser menos danosos à saúde. Diferente da versão convencional, os sabores e aromas agradáveis acabam mascarando e tornando os riscos invisíveis para o grupo.
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Inca, o cigarro eletrônico aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro. Além disso, o levantamento reforça ainda que o cigarro eletrônico eleva as chances de iniciar o uso do cigarro tradicional para aqueles que nunca fumaram.
“Há cerca de 30 anos, o cigarro convencional era visto como sinônimo de status e isso não tem sido diferente para o cigarro eletrônico, principalmente entre os mais jovens. Apesar de na última década o Brasil ter diminuído 40% o número de fumantes, não devemos fechar os olhos para um problema que, mesmo tendo um outro formato, faz parte da narrativa atual”, comenta a Dra. Mariana Laloni, oncologista do Grupo Oncoclínicas.
Tabagismo aumenta incidência de câncer do pulmão
O tabagismo continua sendo o maior responsável pelo câncer de pulmão no Brasil e no mundo. Aliás, não apenas deste tipo de tumor: segundo o Inca, 161.853 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco fosse deixado de lado, sendo que cerca de ⅓ destes óbitos são decorrentes de algum tipo de câncer relacionado ao hábito de fumar.
Apenas no Brasil, é estimado que durante o triênio 2023-2025 cerca de 32.560 casos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão, como classifica o Inca, sejam descobertos a cada ano. A maioria dos pacientes com câncer de pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório. “Os sinais de alerta são tosse, falta de ar e dor no peito. Outros sintomas inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos. Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é essencial para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença, o que contribui amplamente para o sucesso do tratamento”, diz.
Contratempos
Aproximadamente, 10% da população brasileira acima de 18 anos é tabagista. E, apesar dos avanços, o vício afeta mais de 20 milhões de pessoas no país. “Quando falamos do cigarro eletrônico, o Ibope Inteligência aponta que o problema dobrou em apenas um ano, passando de 0,3% para 0,6% da população no Brasil”, explica a oncologista. Dentro desse cenário, especialistas estimam que cerca de 600 mil pessoas fazem uso do dispositivo.
Apesar de proibidos desde 2009 pela Resolução de Diretoria Colegiada nº 46 da Anvisa, os cigarros eletrônicos atraem cada vez mais usuários. “Os vapes ou e-cigarretes passaram a ser mais socialmente aceitos em diversos ambientes, além de serem mais atrativos devido sua tecnologia. Mas, podem fazer tão mal quanto o cigarro tradicional, apesar de uma imagem distorcida. Eles possuem várias substâncias tóxicas que, quando combinadas, acabam mascarando os efeitos prejudiciais à saúde. Contudo, é importante lembrar que elas existem e podem causar enfisema pulmonar, doenças respiratórias e até mesmo câncer”, reforça Mariana Laloni.
O aditivo de aromatizantes, como mentol, chocolate, chiclete, entre outros, é usado para atrair um maior público. Quanto à fumaça liberada pelos vapes, é possível encontrar elementos que vão além da nicotina, como: chumbo, propilenoglicol, glicerol, acetona, sódio, alumínio, ferro, entre outros.
Risco invisível
Além das substâncias presentes no dispositivo serem mais viciantes, algumas pesquisas sobre o tema apontam que o cigarro eletrônico, assim como o convencional, pode afetar não só o sistema respiratório, como também desregular alguns genes do organismo. O estudo realizado por um professor da USC Ahmad Besaratinia, mostrou que esse impacto ocorreu nos genes mitocondriais e chegou a interromper vias moleculares que fazem parte da imunidade e resposta inflamatória. Ou seja, os elementos que compõem os dispositivos podem futuramente desencadear doenças autoimunes e atrapalhar na recuperação de outros distúrbios do corpo.
“Na tentativa de deixar o tabagismo, é preocupante que muitos usuários ainda usem os cigarros eletrônicos. Essa apelação pode torná-los usuários duplos e fazer com que o vício ocorra em ambas as frentes. Por isso, é preciso ter muita força de vontade e saber pedir e aceitar ajuda. O fumante precisa transformar seus hábitos e estilo de vida. De duas a 12 semanas sem cigarro há a melhora da função pulmonar e da circulação, entre 1 e 9 meses a tosse e falta de ar diminuem e em 10 anos a mortalidade por câncer de pulmão chega a ser a metade da de um fumante. É possível superar o vício e apostar em uma nova vida sem o cigarro, seja ele eletrônico ou tradicional”, explica Mariana Laloni.
Vida nova
Para a oncologista, parar de fumar é a forma mais eficaz de prevenir o câncer de pulmão e diversos outros tumores, além de doenças cardíacas, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonia, AVC (acidente vascular cerebral) e complicações severas decorrentes da contaminação pela Covid-19.
“Deixar o hábito de lado é dar uma segunda chance aos pulmões. Lá na frente, as pessoas que abandonaram esse vício irão se deparar com diversos benefícios ao organismo, como um menor risco de desenvolver vários tipos de cânceres e ainda a recuperação de sequelas adquiridas pelo tabagismo. Entretanto, antes de remediar, é fundamental que as neoplasias sejam prevenidas. Ou seja, a melhor alternativa é sempre parar de fumar e alertar a população de forma geral, principalmente os mais jovens, sobre os riscos que o cigarro tradicional e eletrônico podem causar”, finaliza.
Xô, Aedes!
Distrito Federal tem queda de 81% no número de casos de dengue
O engajamento da população e as iniciativas do Governo do Distrito Federal (GDF) para combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, têm dado resultado. No ano passado, nesta mesma época, foram 1.354 novos casos em uma semana. Agora, foram 256, uma queda de 81%.
“Esse levantamento mostra o resultado das ações, seja do governo, seja da população. É uma situação do momento, então pode haver mudanças. O importante é mantermos o foco e a união para juntos mantermos a dengue sob controle”, afirma a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio.
O mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde mostra que, até o fim da Semana Epidemiológica 48, o DF somava 283.841 casos suspeitos de dengue ao longo de todo o ano, frente a 283.685 da semana epidemiológica 47, um acréscimo de 256. Já em 2023, a SE 48 somava 31.997 casos suspeitos, uma diferença maior que a apresentada frente ao término da SE 47 de 2023, com 30.643, à época, um acréscimo de 1.345 em uma semana.
O maior registro de números absolutos em 2024 ocorre por conta do “pico” dos casos de dengue ocorrido no início do ano. No entanto, o subsecretário de Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos, reforça que o cenário atual é melhor que o vivido no fim de 2023, quando houve uma aceleração de infecções por dengue. “No mesmo período do ano passado, o número de casos era muito superior ao que se tem observado até o momento”, explica.
Visando à prevenção da dengue, a Secretaria de Saúde ampliou as ferramentas para monitoramento, como o uso de novas tecnologias digitais para análise de dados, por exemplo. A pasta também ampliou a força de trabalho envolvida nas ações diárias de combate à dengue, além de ter adotado novas estratégias, como as ovitrampas.
Ao longo de 2024, foram realizadas 1.357.780 inspeções em imóveis pela Vigilância Ambiental em Saúde. Além das inspeções de rotina, foram instaladas até o momento 2.175 armadilhas ovitrampas, tendo sido removidos 1.390.606 ovos do Aedes aegypti. Foram instaladas, ainda, 1.278 estações disseminadoras de larvicida.
Outros órgãos do GDF, como as administrações regionais e o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), atuam em ações de limpeza, por exemplo. Já a Secretaria de Educação, em parceria com a Secretaria de Saúde, se destaca pelas ações realizadas ao longo do ano com a comunidade escolar.
Estoque crítico
A negativo: FHB oferece senhas preferenciais para doadores de sangue
A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) está distribuindo senhas preferenciais para doadores de sangue A negativo até 11 de dezembro. A medida prioriza o atendimento a esse grupo em um momento crítico, em que os estoques operam com apenas 66% do nível considerado ideal.
“A senha preferencial é uma estratégia que utilizamos quando os estoques de determinada tipagem atingem níveis críticos, como é o caso, agora, do A negativo. Precisamos restabelecê-lo a níveis considerados seguros, a fim de manter o atendimento regular aos hospitais”, explica a gerente de Captação de Doadores do Hemocentro de Brasília, Kelly Barbi.
A queda no volume de doações foi intensificada pelos diversos feriados do mês de novembro. “Com a proximidade das festas de fim de ano e das férias escolares, convidamos a população a doar sangue, realizar esse gesto solidário e altruísta para com os pacientes do DF que necessitam de transfusões para manter ou recuperar a saúde. Há um aumento histórico de transfusões nesse período, motivo pelo qual fazemos esse apelo junto à população”, completa Kelly.
O Hemocentro de Brasília é responsável por abastecer toda a rede de saúde pública do Distrito Federal, além de instituições conveniadas, como o Hospital da Criança, o Instituto de Cardiologia do DF e o Hospital das Forças Armadas.
Como funciona a senha preferencial
A senha preferencial para doadores A negativo será concedida mediante comprovação do grupo sanguíneo, seja com o cadastro no Hemocentro ou por meio de um exame de tipagem sanguínea. A medida otimiza o atendimento e prioriza as necessidades emergenciais, garantindo que o Hemocentro possa atender à alta demanda desses pacientes.
Para doar sangue, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 51 kg e estar saudável. Quem passou por cirurgia, exame endoscópico ou adoeceu recentemente deve consultar o site do Hemocentro para saber se está apto a doar sangue.
Quem teve gripe deve aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas para poder doar sangue. Quem teve covid-19 deve aguardar 10 dias após o fim dos sintomas, desde que sem sequelas. Se assintomático, o prazo é contado da data de coleta do exame. Pacientes diagnosticados com dengue clássica devem aguardar 30 dias para se candidatar à doação de sangue. Para a dengue hemorrágica, o prazo é de seis meses.
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