Saúde na UTI
Capital tem 700 pacientes na fila por radioterapia e cinco meses de espera
Com apenas dois dos três aparelhos em funcionamento, o Distrito Federal tem mais de 700 pacientes na fila por radioterapia. O tempo médio de espera para o início do tratamento é de cinco meses. Uma lei em vigor desde 2012 diz que pacientes devem iniciar o tratamento contra câncer em até 60 dias.O serviço é oferecido nos hospitais Universitário de Brasília e Base.
Em nota, a Secretaria de Saúde disse que inicia neste ano as obras do Hospital do Câncer para regularizar a situação. “A unidade terá ambulatório, pronto atendimento, salas de radioterapia com aceleradores, tomógrafo e braquiterapia. Terá, ainda, salas de endoscopia, pontos de quimioterapia, boxes de fisioterapia e equipamentos de imagem. Será possível atender quase 6 mil novos casos por ano.”
Já na reta final da batalha contra o câncer, a aposentada Denise Cavalcanti precisou interromper a última semana das sessões de radioterapia por causa da quebra de um acelerador linear no Base no dia 16 de fevereiro. “Deu uma tristeza em saber que a gente não pode fazer nada, não tem outro recurso a não ser o hospital.”
A dona de casa Ivanice Aquino também foi afetada pela situação. Ela fez quimioterapia e cirurgia, mas na hora de marcar a radioterapia ficou sabendo que o acelerador parou de funcionar.
“Eu fico triste, né, de ouvir isso e saber que muitos precisam, porque isso aqui é uma luta contra a vida”, disse.
Chefe da oncologia do Hospital Universitário de Brasília, Marcos Santos afirma que a procura aumentou muito desde o incidente no Base. O atendimento é de, em média, 50 pessoas por dia.
“Nós estamos trabalhando no nosso limite, no limite de segurança. A gente precisaria hoje de seis aceleradores lineares em funcionamento em período integral pra dar conta de todas as necessidades da população do DF”, declarou.
O especialista Márcio Almeida afirma que as chances de cura são maiores quanto antes houver atendimento. “O paciente que tem um diagnóstico de câncer, uma doença maligna, deve ser tratado o mais rapidamente possível. Uma demora acima de dois, três meses, já muda o benefício do tratamento ideal.”
À TV Globo, a Secretaria de Saúde diz que vai contratar hospitais e clínicas particulares de radioterapia. A pasta disse que só não fez isso ainda porque a rede privada está cobrando em média R$ 11 mil pelo tratamento de cada paciente. A tabela do SUS prevê um valor menor: R$ 6 mil. A organização também disse que vai acionar a Justiça para que a empresa que contratar seja obrigada a reparar logo o acelerador quebrado do Base.
Atualizado em 03/03/2016 – 07:58.
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